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Os olhos do mundo estão voltados para um ambiente digital ainda pouco explorado, o metaverso. E para a indústria fashion, não é diferente. Historicamente, a moda é reconhecida como precursora de tendências. Agora, mais uma vez, reafirma esse título ao apostar na tecnologia NFT.
Essas três letrinhas vêm mudando a percepção sobre o comércio eletrônico, no que diz respeito a produtos digitais, e atraindo marcas do universo da moda, em um movimento que ganhou o nome de cripto fashion.
Entenda a seguir do que trata essa tecnologia, como as marcas estão explorando essa novidade e o que ela tem a oferecer ao mercado de moda.
NFT é a sigla de "tokens não fungíveis", uma tecnologia que permite o registro de qualquer arquivo – imagem, bitcoin, vídeo, etc - utilizando uma criptografia única e sobreposta. Isso impede que o arquivo seja replicado.
Os arquivos são registrados por um sistema blockchain, o mesmo utilizado em moedas digitais, como o Bitcoin. Funciona como um livro contábil virtual, que documenta transações e outros registros com criptografia por meio de computadores ao redor do mundo. Ou seja, cada NFT é exclusivo e não pode ser alterado.
Talvez, você se lembre do meme Nyan Cat, um gif animado de um gato em pixel art voando no espaço em loop, lançado em 2011 no YouTube. Uma década depois, o desenho voltou a chamar a atenção do mundo como objeto de um leilão digital, no qual foi arrematado por valor equivalente a US$ 590 mil.
Na prática, isso significa que, a partir da transação, a obra em NFT passou a ter um novo proprietário, que conta com direitos sobre o seu uso e com a possibilidade de vendê-la por um preço maior se desejar.
A primeira venda de moda em NFT foi registrada antes disso, em maio de 2019. O vestido de alta-costura “Iridescence” foi leiloado pela startup The Fabricant por US$9,5 mil. A empresa é especializada em design de moda e animação em 3D. Ou seja, o vestido nunca existiu fisicamente.
A experiência mostrou o potencial das tecnologias NFT e blockchain para o mercado de luxo no mundo virtual. Desde então, marcas como Prada, Ralph Lauren, Burberry, Tommy Hilfinger, Dolce & Gabbana e Balenciaga têm se aventurado em explorar esse universo.
Em 2021, a Gucci lançou uma coleção de tênis virtuais que possibilitou a muitos adoradores da marca adquirir o seu próprio par por valores entre 9 e 12 dólares. Com o aplicativo da marca, o comprador podia “vestir” os tênis por realidade aumentada, ao apontar a câmera do celular para os pés.
Já a Louis Vuitton apostou em um game para comemorar o aniversário de 200 anos de seu fundador, também em 2021. A marca também promoveu o primeiro desfile de grande porte no metaverso, através da plataforma Decentraland.
Recentemente, anunciou a expansão do projeto, adicionando ao jogo uma coleção de NFTs em quantidade limitada, direcionada aos fãs. Para isso, firmou parceria com o artista digital Beeple, responsável por uma das vendas recentes em NFT mais valorizadas. Uma de suas obras foi vendida por cerca de US$ 70 milhões.
Outra marca que vem se destacando é a Nike, que adquiriu a RTFKT, fabricante de tênis virtuais em dezembro de 2021 e já investiu US$ 10 milhões em produtos. Com valores entre US$ 7,5 mil a US$ 9 mil, as peças da coleção podem ter a aparência personalizada. Com isso, alguns tênis podem custar até US$ 449 mil.
As transações NFT movimentaram mais de US$ 30 bilhões até abril de 2022, o equivalente a R$ 144 bilhões, conforme pesquisa da Chainalysis, empresa de pesquisa global especializada em blockchain. No ano anterior, o valor alcançou a marca de US$ 40 bilhões ou R$ 192 bilhões.
Os números, porém, ainda estão associados a transações pontuais e volumosas, que sozinhas representam quase da metade do volume total.
Embora chame a atenção o alto potencial de investimento para as transições que envolvem NFTs, não é só isso que atrai as marcas para esse universo. O foco da Louis Vuitton com a ação, no entanto, não é comercial, mas sim educacional.
Da mesma forma, acredita-se que grande parte dos esforços de marcas de moda no uso de NFTs, assim como na criação de produtos e experiências no metaverso, estão focados em estreitar relacionamento com novos públicos.
A maior parte da geração Z, por exemplo, não tem poder aquisitivo para investir em roupas ou bolsas de grifes de luxo, mas pode pagar por um tênis virtual, como o da Gucci. Esse tipo de interação estimula a conexão e o desejo pela marca, o que deve render frutos no futuro.
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